(Sobre eu ter falado que usaria as férias pra escrever e produzir, e acabar gastando uma semana inteira jogando videogame e experimentando sabores de jujuba...)
Há alguns dias me flagrei
pensando, durante uma partida de dominó na qual Chubble acidentalmente engoliu
uma das peças acreditando ser chocolate... quem escreveu as regras da utilidade
da vida?
Provavelmente um tirano ditador
que sofria de calvície desde os primeiros anos da maturidade, que num nada belo
dia decidiu que seriam considerados úteis as ações que, direta ou
indiretamente, enchessem os bolsos de dinheiro ou vale-trocas de postos de gasolina.
Estudar = útil, trabalhar = útil, dançar zumba com seu animal de estimação =
perda de tempo.
E não importa nosso estado de
humor. Mesmo nos dias mais inúteis de nossa mente, somos praticamente
empurrados em direção a uma pilha de afazeres que gritam “Vamos! Tempo é
dinheiro! Seja alguém na vida! Produza! Você é um homem ou um saco de
alcachofras?!”
Mas será mesmo? Afinal, pra que é
que trabalhamos tanto? Precisamos de dinheiro pra que possamos ter condição de
comprar roupas, livros, ingredientes para receitas de bolo Marta Rocha, e tudo
mais aquilo que acreditamos (erroneamente ou não) nos fazer felizes. Qualquer
coisa que nos faça sorrir.
Sorrir... no frigir dos ovos de
codorna, não é isso que estamos sempre buscando? Sorrisos. Consideramos útil
tudo aquilo que, a longo prazo, um dia nos dê dinheiro pra que possamos ter
condição de sorrir, já que vivemos numa sociedade que só sorri com aquilo que
se compra.
“Faz sentido”, Chubble diria,
“Não há como sorrir sem pagar um bom ortodontista”. Bom... se tivesse lido com
atenção
um de meus antigos poemas, ele saberia que não. Sorrisos não podem ser
comprados. Por mais que isso seja difícil de se entender hoje em dia.
Nunca fui uma pessoa que gosta de
extremismos. Assim, da mesma forma que não aprovo alguém que se entrega
inteiramente à escravidão de um emprego, não digo que acho sensato se render a
uma vida de ações vazias e sem propósito. Mas o que defendo nesse pequeno
desabafo seja talvez uma questão de equilíbrio.
Um equilíbrio onde saibamos
apreciar as coisas inúteis da vida. Ações bobas como apostar corrida com os
amigos, se submergir num livro por horas, brincar de adedonha ou até mesmo
tirar aquela boa soneca. Ações que nos tragam sorrisos. Sem que precisemos ter
que trabalhar anos e anos, pra só depois comprarmos bens materiais que um dia
nos façam arreganhar os dentes em felicidade.
Ser inútil faz bem de vez em
quando. Afinal, se inútil é aquilo que nada produz... uma reles ação que lhe
brote um sorriso, já possui utilidade.
Por isso, não se acanhe. Você não
precisa ser mega-produtivo todos os dias. Use agora aqueles bons minutos. Vá
assistir aquele filme, assaltar aquela geladeira, ou estralar aqueles dedos
dormentes. Coloque os braços pra trás e deixe que cada músculo se espreguice
numa preguiça risonha.
Inutilize-se. Só por hoje. De vez
em quando, faz bem. Faz sorrir. Faz-se útil.
Adorei o texto e reflexão que ele traz. E concordo que as vezes é preciso e até importante fazer coisas inúteis ou pouco produtivas. Levar a vida muito a sério as vezes cansa, neh. Bjs
ResponderExcluirCom certeza!Ninguém merece uma vida levada muito a sério o tempo todo! Abraços!
ExcluirMuito boa sua reflexão e me peguei sorrindo durante a leitura. Obrigada pelo momento inútil, mas que me trouxe um sentimento útil :)
ResponderExcluirBjs, rose
Se brotou o sorriso, ótimo! A utilidade foi ótima! Continue acompanhando! :))
ExcluirOii,
ResponderExcluirAdorei o texto.
Vale muito a pena a reflexão sobre a nossa vida!!
beijos
Que bom que gostou! Muito obrigado! Continue acompanhando!
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